De alguma forma a baixada fluminense era um lugar tão ativo e tenso como as famosas quebradas de Kingston, a capital da Jamaica.
Estabelecida a conexão, o Cidade Negra aguardava seu lugar ao Sol enquanto via o reggae se tornar fenômeno de massa em estados distantes como o Maranhão, Piauí e Bahia. Estava na hora do Rio.
Em 1990, a Sony music, ainda CBS, resolveu apostar nesse grupo que já contava com um bom currículo de shows, com direito a excursões para salvador e são Paulo e até participação em um documentário da BBC de Londres sobre o Rio.
O disco Lute para Viver mostrou que os rapazes do Cidade Negra estavam aí para o que desse e viesse, falando a verdade sobre a real cultura carioca. Com uma produção cuidadosa de Nelson Meirelles, puderam mostrar toda a força de seu som e logo de cara emplacaram um sucesso que até hoje é pedido nos seus shows : “Falar a verdade“.
Em 1994, aconteceram as reformulações que colocariam o grupo em uma nova fase. Toni garrido, ex-vocalista da banda Bel, entra no lugar de Ras Bernardo e já imprime seu toque às novas composições.
O experiente Liminha assume a produção, ajudando a tornar o som do grupo mais diversificado, melodicamente mais pop e dançante, mas sem fugir ao universo reggae.
Conclusão: o álbum Sobre Todas as Forças caiu nas graças do grande público, mesmo aqueles que nunca haviam dado muita bola para o ritmo jamaicano.
Muitos outros fatores contribuíram para isso e contribuem até hoje: o carisma de Toni Garrido, que deu ao Cidade Negra mais presença de palco; as letras um pouco menos contestadoras e mais românticas; e as verdadeiras pérolas pop que o disco trazia.
A primeira música de trabalho, “Onde Você Mora?” – composta por Nando Reis e Marisa Monte – já era um tremendo arrasa-quarteirão. Assim como “Pensamento”, “Doutor”, “Mucama”, “Minha Irmã” e – principalmente – “A Sombra da maldade” não ficavam atrás. E o resultado foi um hit atrás do outro, que até hoje são lembrados nas melhores pistas de dança do País.
Assim é o Cidade Negra. As armas são outras, novos companheiros vão se juntando a eles nessa batalha, mas o grupo mantém intacto dentro de si o sentimento que os acompanha desde o início: a vontade de mostrar a sua arte, de quebrar barreiras e de realizar seus sonhos.
Em abril de 2008, Toni Garrido anunciou sua saída do Cidade Negra, depois de quatorze anos na estrada, para seguir carreira com a banda Flecha Black e realizar trabalhos solo. Toni cumpriu o que já estava marcado na agenda da banda e realizou seu último concerto na Festa Estadual do Leite Presidente Getúlio, Santa Catarina, em 31 de maio de 2008. No dia 13 de junho, o Cidade Negra anunciou o novo vocalista.
Para o lugar de Toni, a banda contou com o cantor Alexandre Massau, ex-vocalista das bandas mineiras Berimbrown e Preto Massa. Alexandre mudou-se para Rio de Janeiro, onde alavancou de vez sua carreira ao ser o mais cotado substituto de Toni Garrido. Logo em seguida, fez sua estréia no grupo, no Festival de Inverno da cidade mineira de Santos Dumont, em 29 de julho do mesmo ano, com calorosa recepção do público.
Cinco meses depois do desligamento de Toni Garrido, o guitarrista Da Gama anúnciou em seu site sua saída do grupo para seguir carreira solo, carreira qual ele já vinha se dedicando desde meados do ano, trabalhando na produção de seu primeiro disco solo Violas e Canções.
O Cidade Negra agora é um trio com Alexandre, Lazão e Bino. Com a saída também do guitarrista contratado Sérgio Yazbeck, entraram os guitarristas Alexandre Prol e Egler Bruno, ambos músicos experientes com trânsito em vários estilos, que deram um encorpada no som. Completa a formação o tecladista Alex Meirelles, já há anos no Cidade Negra.
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